terça-feira, 15 de setembro de 2015

O mundo vendeu, e esses investidores compraram durante a crise


Os investidores que fizeram pequenas fortunas durante a crise de 2008 ao aplicar quase tudo o que tinham em ações

Thiago Bronzatto, da EXAME

Germano Lüders/EXAME.com
André Machado, assessor de investimentos
André Machado, assessor de investimentos: já ganhou 500 000 reais
O assessor financeiro André Machado, de 43 anos, ficou milionário durante a crise de 2008. Enquanto a maioria dos investidores — de fundos de hedge e de pensão internacionais a pequenos poupadores — corria para aplicações ultraconservadoras, ele colocou 100 000 reais, um terço do que tinha no banco na época, no arriscadíssimo mercado futuro de opções.

“Comprei um carro de luxo e reformei toda a minha casa com o que ganhei”, diz Machado, que passou quase um ano acordando às 4 horas da manhã para acompanhar as ações das principais concorrentes da Vale, a BHP Billiton e a Rio Tinto, listadas na bolsa de Londres, e decidir o que faria com seu investimento aqui. “Nunca sabia com que surpresa eu acordaria, porque o mercado estava muito volátil. Mas achava que tinha uma chance única de ganhar bastante dinheiro”, diz.Seu objetivo era apostar na queda das ações da Vale. Se errasse, poderia perder ainda mais do que havia aplicado. Como acertou — o valor de mercado da mineradora caiu pela metade em poucos meses —, ganhou 150 000 reais. Quando achou que as ações da Vale haviam chegado ao fundo do poço, no fim de 2008, investiu 150 000 reais na empresa, e embolsou mais 350 000 reais.
Olhando pelo retrovisor, parece óbvio que os últimos meses de 2008 eram o momento ideal para aplicar mais em ações. O Índice Bovespa caiu para 29 435 pontos, o menor patamar em três anos, e dezenas de empresas passaram a ter valor de mercado inferior à soma de seus ativos — o que, na matemática que rege o mercado acionário, significa que estavam extremamente baratas.
Investir quando o pessimismo está no auge é um dos conselhos mais repetidos pelos consultores financeiros — no século 19, quando a Europa estava mergulhada em guerras, o barão Nathan Rothschild, um dos maiores banqueiros da história, disse que “a hora de comprar é quando o sangue corre pelas ruas”.
O problema é que, em meio ao caos que tomou conta do mercado no final de 2008, boa parte dos especialistas fechou os livros de finanças e não recomendou a seus clientes que aplicassem mais na bolsa. Primeiro, porque havia o risco real de ver as ações desvalorizar ainda mais.
Segundo, por um aguçado instinto de autoproteção. “Estávamos sendo processados por investidores que diziam que os havía­mos induzi­do a arriscar demais antes da crise. Tínhamos de ser conservadores”, afirma Peter Weiss, dono da corretora SLW. A maioria dos investidores abandonou o mercado de ações naquela época: os estrangeiros sacaram 25 bilhões de reais da Bovespa, o volume de negócios da bolsa caiu 40% e quase 30 000 pessoas físicas venderam todos os papéis que tinham.
O sangue, portanto, estava nas ruas. “Meus amigos diziam que eu estava louco, mas, para mim, ninguém é mais habilidoso que banqueiro para ganhar dinheiro. Por isso, apostei na retomada desse setor”, diz Júlio Sergio Cardozo, ex-presidente da consultoria Ernst & Young Terco no Brasil.

Ganhou 1,1 milhão de reais, e mantém boa parte do lucro aplicada nos mesmos papéis. “Minha carteira ainda tem potencial, principalmente com a retomada da economia americana”, diz. O dono de uma consultoria de investimentos de São Paulo conta que vendeu seu carro e o da mulher para investir em papéis de grandes companhias, como Gerdau, Vale e Itaú, em outubro de 2008.No fim de 2008, ele aplicou 1 milhão de reais em ações de bancos estrangeiros, como Citi e Deutsche Bank, que haviam caído mais de 40%. Também investiu em papéis de instituições brasileiras, como Banco do Brasil e BicBanco, que estavam em baixa em razão do temor generalizado em relação aos bancos.
“No escritório, organizávamos espécies de grupos de investimento toda semana: cada funcionário dava uma quantia para fazermos grandes aplicações na bolsa. Depois dividíamos o lucro de acordo com o que cada um havia colocado. Até a faxineira ganhou dinheiro”, diz ele.

Intuição
A melhor explicação para o comportamento dos investidores durante a crise de 2008 vem de estudos de uma área relativamente nova da economia, a psicologia financeira. No livro O Espírito Animal, o americano Robert Shiller, professor da Universidade Yale e um dos maiores estudiosos do tema, diz que é a intuição, e não o pensamento racional, que influencia as decisões econômicas da maioria das pessoas.
“Ainda que achassem que a queda das ações era exagerada, muitos investidores decidiram simplesmente seguir seus instintos e vender, como a maioria estava fazendo”, diz Vera Rita de Mello Ferreira, principal especialista brasileira em psicologia econômica. “É uma reação comum durante as crises.”
Para tentar evitar esse tipo de armadilha, investidores experientes costumam criar uma rotina de aplicações para ser seguida qualquer que seja a situação do mercado. É o que faz o microempresário mineiro Antonio Marcos. Sua regra é colocar 80% do patrimônio em ações quando a bolsa está em queda, e reduzir o valor para apenas 20% se houver valorização.
A grande tacada de Marcos na crise foi aplicar 500 000 reais em ações ordinárias da fabricante de papel e celulose Aracruz em outubro de 2008, quando os papéis custavam 5 reais e a empresa tinha acabado de naufragar devido a operações desastradas com derivativos exóticos. Vendeu tudo três meses depois, com lucro de 130%.
Hoje, esses três investidores que fizeram pequenas fortunas após a quebra do banco americano Lehman Brothers têm aplicado de forma mais conservadora. André Machado, que já voltou a dormir a noite toda, passou a diversificar sua carteira de ações e a fazer investimentos de curto prazo: em meados de abril, comprou papéis da BM&F Bovespa e da Usiminas.

Entre os grandes investidores institucionais, os que mais ganharam dinheiro nos últimos três anos foram os que fizeram apostas de altíssimo risco. O maior exemplo é o gestor americano John Paulson. Desconhecido antes da crise de 2008, ele embolsou 4 bilhões de dólares — o maior bônus já pago em Wall Street até então — ao apostar na falência das hipotecas subprime nos Estados Unidos quando esse segmento estava em ascensão.Para ele, essas ações estão baratas em relação à média de seus setores. Antonio Marcos está com quase todo o patrimônio aplicado em CDBs de grandes bancos e títulos públicos para se proteger da inflação. Na opinião dele, quase todas as ações de empresas brasileiras estão caras. Além de manter os papéis de bancos comprados durante a crise, Júlio Cardozo divide seu patrimônio em fundos de ações e de renda fixa. “Está mais difícil ganhar dinheiro na bolsa agora”, diz.
No ano passado, bateu seu próprio recorde e ganhou mais 5 bilhões de dólares, obtidos com investimentos pesados feitos no mercado de ouro. “São números que impressionam, mas é importante lembrar que foi esse tipo de investidor, que toma riscos muito acima da média, que ajudou a provocar a crise de 2008”, diz David Laibson, professor de economia e psicologia na Universidade Harvard. “Existem pesquisas que mostram que 70% dos investidores extremamente agressivos, aqueles que compram ações de empresas em dificuldades esperando que elas se recuperem, perdem tudo ou quase tudo o que aplicaram alguns meses depois.”
Em 2005, André Machado teve um prejuízo de 200 000 reais ao apostar na valorização das ações da empresa de telefonia Telemar no mercado futuro. Ele achou que ficaria milionário naquela época, mas acabou mergulhado em dívidas. Sua estratégia deu certo em 2008. O desempate fica para a próxima crise.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Fazer o que se Gosta

Nem sempre podemos fazer o que gostamos, frequentemente precisamos fazer o que deve ser feito. Para quem esta insatisfeito com sua vida profissional, leia o texto abaixo e se questione sobre o quanto da sua infelicidade é culpa sua, por não dar o seu melhor em tudo o que faz.


Fazer o que se Gosta


A escolha de uma profissão é o primeiro calvário de todo adolescente. Muitos tios, pais e orientadores vocacionais acabam recomendando "fazer o que se gosta", um conselho confuso e equivocado.

Empresas pagam a profissionais para fazer o que a comunidade acha importante ser feito, não aquilo que os funcionários gostariam de fazer, que normalmente é jogar futebol, ler um livro ou tomar chope na praia.

Seria um mundo perfeito se as coisas que queremos fazer coincidissem exatamente com o que a sociedade acha importante ser feito. Mas, aí, quem tiraria o lixo, algo necessário, mas que ninguém quer fazer?

Muitos jovens sonham trabalhar no terceiro setor porque é o que gostariam de fazer. Toda semana recebo jovens que querem trabalhar em minha consultoria num projeto social. "Quero ajudar os outros, não quero participar desse capitalismo selvagem." Nesses casos, peço que deixem comigo os sapatos e as meias e voltem para conversar em uma semana.

É uma arrogância intelectual que se ensina nas universidades brasileiras e um insulto aos sapateiros e aos trabalhadores dizer que eles não ajudam os outros. A maioria das pessoas que ajudam os outros o faz de graça.

As coisas que realmente gosto de fazer, como jogar tênis, velejar e organizar o Prêmio Bem Eficiente, eu faço de graça. O "ócio criativo", o sonho brasileiro de receber um salário para "fazer o que se gosta", somente é alcançado por alguns professores felizardos de filosofia que podem ler o que gostam em tempo integral.

O que seria de nós se ninguém produzisse sapatos e meias, só porque alguns membros da sociedade só querem "fazer o que gostam"? Pediatras e obstetras atendem às 2 da manhã. Médicos e enfermeiras atendem aos sábados e domingos não porque gostam, mas porque isso tem de ser feito.

Empresas, hospitais, entidades beneficentes estão aí para fazer o que é preciso ser feito, aos sábados, domingos e feriados. Eu respeito muito mais os altruístas que fazem aquilo que tem de ser feito do que os egoístas que só querem "fazer o que gostam".

Então teremos de trabalhar em algo que odiamos, condenados a uma vida profissional chata e opressiva? Existe um final feliz. A saída para esse dilema é aprender a gostar do que você faz. E isso é mais fácil do que se pensa. Basta fazer seu trabalho com esmero, bem feito. Curta o prazer da excelência, o prazer estético da qualidade e da perfeição.

Aliás, isso não é um conselho simplesmente profissional, é um conselho de vida. Se algo vale a pena ser feito na vida, vale a pena ser bem feito. Viva com ese objetivo. Você poderá não ficar rico, mas será feliz. Provavelmente, nada lhe faltará, porque se paga melhor àqueles que fazem o trabalho bem feito do que àqueles que fazem o mínimo necessário.

Se quiser procurar algo, descubra suas habilidades naturais, que permitirão que realize seu trabalho com distinção e o colocarão à frente dos demais. Muitos profissionais odeiam o que fazem porque não se prepararam adequadamente, não estudaram o suficiente, não sabem fazer aquilo que gostam, e aí odeiam o que fazem mal feito.

Sempre fui um perfeccionista. Fiz muitas coisas chatas na vida, mas sempre fiz questão de fazê-las bem feitas. Sou até criticado por isso, porque demoro demais, vivo brigando com quem é incompetente, reescrevo estes artigos umas quarenta vezes para o desespero de meus editores, sou superexigente comigo e com os outros.

Hoje, percebo que foi esse perfeccionismo que me permitiu sobreviver à chatice da vida, que me fez gostar das coisas chatas que tenho de fazer.

Se você não gosta de seu trabalho, tente fazê-lo bem feito. Seja o melhor em sua área, destaque-se pela precisão. Você será aplaudido, valorizado, procurado, e outras portas se abrirão. Começará a ser até criativo, inventando coisa nova, e isso é um raro prazer.

Faça seu trabalho mal feito e você odiará o que faz, odiando a sua empresa, seu patrão, seus colegas, seu país e a si mesmo.

Stephen Kanitz é administrador por Harvard (www.kanitz.com.br)
Editora Abril, Revista Veja, edição 1881, ano 37, nº 47, 24 de novembro de 2004, página 22

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Para refletir...

Essa frase diz muito sobre o trabalho do assessor de investimentos - investment advisor.


"Não somos pagos para sermos ativos, mas para estarmos corretos. Quanto tempo podemos esperar? Pra sempre." Warren Buffett


Operar também é não operar!

quinta-feira, 30 de junho de 2011

O "barato" que pode sair muito Caro

Nos últimos tempos, o aumento da concorrência entre as corretoras habilitadas a intermediar negociações de ações na Bovespa vem reduzindo drasticamente a receita operacional de todas. Muitas corretoras chegam a operar no prejuízo para poder ganhar mais "competitividade".


Isso impacta de forma decisiva nas pequenas corretoras que precisam cortar custos para sobreviver nessa nova realidade. Nesses cortes de custos, importantes serviços que são prestados aos pequenos investidores estão sendo deixados de lado e a qualidade do atendimento também. Um reflexo disso é o que apresenta a reportagem do jornal Brasil Econômico sobre a mudança das áreas de análise de ações.

Minha visão sobre isso tudo é que muitas vezes o "barato" pode sair muito caro. Essa "competitividade" artificial que algumas corretoras estão criando será passageira pois elas não sobreviverão por muito tempo (nenhuma empresa sobrevive em prejuízo). Procure uma corretora transparente, que invista em tecnologia, que lhe preste boa assessoria e lhe dê boas ferramentas. Isso tudo tem um custo, aceite pagar um preço justo por serviços de qualidade.


Áreas de análise de ações das corretoras em transição

Mariana Segala   (msegala@brasileconomico.com.br) 
28/06/11 13:1




Instituições financeiras mudam perfil das equipes e algumas optam por extinguir departamento.

Os sinais de novos tempos estão chegando às áreas de análise das corretoras de valores. Tradicionalmente formadas por analistas fundamentalistas, que elaboram relatórios e recomendações de compra e venda de ações com base nos balanços das companhias, em algumas casas essas equipes têm assumido outro perfil - e em outras, estão até deixando de existir.

"Não queremos fazer mais do mesmo", diz a presidente da Gradual, Fernanda de Lima. Até o fim do ano passado composta por quatro analistas, a área de pesquisa da corretora agora conta com um só, mais um analista gráfico (que infere sobre o comportamento das ações a partir do histórico das cotações). Fernanda diz que a equipe será recomposta até o fim do ano, mas com novas atribuições.

Os analistas deixarão de fazer a cobertura de empresas voltada a investidores pessoas físicas e passarão a se focar na garimpagem de oportunidades de investimento específicas, direcionadas a clientes institucionais.
Os pequenos investidores serão atendidos por relatórios de uma consultoria independente contratada, a Empiricus Research, e pelo material de análise gráfica.

"O desenvolvimento de modelos e de relatórios consome muito tempo dos analistas", justifica a executiva.

Movimento

O movimento se segue ao de outras corretoras, algumas nascidas já sem área de análise. A filial brasileira da inglesa Icap, estabelecida há dois anos, nunca teve cobertura fundamentalista de empresas. Desde o início, os clientes foram atendidos só por analistas gráficos e relatórios de consultorias terceirizadas, como a Lopes Filho.

A Octo, que assumiu os clientes do Link Trade (antigo home broker da Link) e tem analistas gráficos, está montando uma área fundamentalista. Mas, em vez de cobertura tradicional, os profissionais se dedicarão ao que os executivos chamam de inteligência de mercado: "tradução" de dados para os investidores e identificação de oportunidades com base no consenso de mercado. Já a Link tem cinco analistas.

O foco diferente não é generalizado. A Planner, por exemplo, segue na cobertura tradicional de empresas, focada em nichos.
"Não adianta olhar só Petrobras e Vale, que todos acompanham", diz o chefe de análise, Ricardos Martins. Mas a equipe, que era composta por oito pessoas, agora tem cinco. Na Spinelli, a equipe de quatro analistas hoje tem só dois. Segundo a corretora, a área passa por uma fase de reestruturação e as duas vagas serão repostas visando a alinhar o perfil dos profissionais ao foco de varejo da casa.

Dentre quem optou por fechar as portas da análise estão Brascan e Interbolsa. A Brascan realocou os profissionais, que passaram a fazer análises apenas para o setor de gestão de fundos da instituição. Já a Interbolsa, segundo um ex-funcionário, fechou a área de pesquisa na semana passada para conter custos. Procurados para confirmar a informação, executivos da corretora não retornaram ao Brasil Econômico.

"Isso tem ver com a concorrência entre as corretoras", diz o presidente da Apimec São Paulo, associação dos analistas, Reginaldo Alexandre.
"Esse movimento cria condições para o surgimento de empresas independentes de análise, o que não prejudica o investidor, pois os analistas são igualmente qualificados e certificados."

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Mulheres investem melhor que Homens

Achei muito interessante essa pesquisa publicada pela Barclays Capital. Essa mesma informação é dada no livro Como se tornar um operador e investidor de sucesso (Alexander Elder, 2004 - Elselvier). Elder comenta em seu livro que aproximadamente 95% dos operadores de mercado são do sexo masculino, porém as mulheres que se envolvem em operações de mercado geralmente alcançam mais sucesso.


Segue abaixo a reportagem da Exame.com



Mulheres investem melhor que homens, diz 

pesquisa




Elas são mais avessas ao risco e seguram um investimento por muito tempo; já eles, são excessivamente confiantes

Julia Wiltgen, de 

Carl Dwyer/SXC
Mulher aponta gráfico
A mulher investidora tende a conter o excesso de confiança, conseguindo melhores resultados
São Paulo – Um estudo publicado pela Barclays Capital em parceria com a Ledbury Research concluiu que mulheres que investem tendem a ganhar mais dinheiro do que os homens no mercado financeiro. Os motivos: mulheres correm menos riscos, seguram as ações de uma empresa por mais tempo e, com isso, tomam menos decisões erradas.

A pesquisa foi notícia na imprensa americana nesta terça-feira (14). Em sua coluna no MarketWatch.com, de David Weidner chama a atenção para outras pesquisas já realizadas que demonstram o mesmo sucesso feminino por conta da estratégia menos arriscada. É o caso do estudo acadêmico que descobriu que elas ganham 1% ao ano a mais que os investidores do sexo masculino.
Apesar de oscilar entre o machismo e bajulação em relação às mulheres, o comentarista lembra que muitas vezes faltam aos homens as características preciosas que a maioria das investidoras tem. Diz a coluna que Chun Xia, um professor de finanças de Hong Kong envolvido nas pesquisas do Barclays, escreveu que as mulheres relataram grande desejo de autocontrole ao lidar com as finanças. Elas ficariam inclusive mais estressadas, em razão de um maior desejo por disciplina financeira.
Outro motivo do bom desempenho feminino é o pé no freio quando o assunto é autoconfiança. Elas acreditam em suas estratégias e permanecem por mais tempo com seus investimentos; por outro lado, não têm o excesso de confiança demonstrado por muitos homens, fazendo trades com menos frequência.
A coluna de Weidner chega a sugerir que as mulheres são melhores em tudo. É reducionista pensar que o gênero pode determinar se alguém é bom ou não em desempenhar certa atividade. Fato é, porém, que as mulheres geralmente têm qualidades que faltam à maioria dos homens: disciplina, autoconfiança na medida certa, aversão a riscos excessivos (instinto de preservação mesmo) e estratégias de longo prazo.
Essas qualidades podem ser desenvolvidas por homens e mulheres que desejarem ter sucesso nos investimentos. LouAnn Lofton, editora do site americano de finanças “The Motley Fool”, já mostrou como o sucesso do megainvestidor Warren Buffet decorre da sua forma “feminina” de investir. Lofton está prestes a lançar um livro em que sugere, com humor, que “Buffet investe como uma garota” e que todos devem fazer o mesmo.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A montanha-russa das Bolsas

Stephen Kanitz

A maioria dos brasileiros deve achar uma maluquice as seguidas oscilações nas bolsas de valores. "Prefiro aplicar em imóveis, é mais seguro." "Bolsa é para quem tem estômago, meu negócio é fundo DI." "Bolsa de valores é um mercado de risco, estou fora." Felizmente, a verdade é outra.

Todo dia, menos de 1% das ações é transacionado na bolsa. Na próxima vez em que você ler que "a bolsa cai 10% num dia de intenso nervosismo", lembre-se de que 99% dos investidores nem tomaram conhecimento.

A maioria não vendeu suas posições, só os apavorados o fizeram. Nem o 1% que vendeu em pânico necessariamente perdeu dinheiro, muito menos 10%. Quem comprou ações dois anos atrás vendeu-as com lucro, mesmo que tenham caído no dia exato da venda. Portanto, por que tanta comoção?

Se, em vez de ações na bolsa, você tivesse comprado um flat service num bairro qualquer, um quadro do Scliar ou um livro raro de Camões, você nem saberia quanto o valor desses objetos oscilou nesse "dia de intenso nervosismo". Provavelmente, os preços desses objetos permaneceram na mesma, simplesmente porque ninguém comprou algo parecido no dia.

Na próxima crise financeira, tente vender seu apartamento, seu quadro ou seu livro raro em cinco minutos, como se faz na Bolsa de Valores de São Paulo. Você simplesmente não vai conseguir, não há bolsa de livros raros, nem de quadros famosos, nem de flat services com movimentação e preços diários.

Se você realmente precisar de dinheiro, provavelmente um corretor poderá vender o que você quer com 30% de desconto, anunciando o que se chama de galinha-morta. O jornalismo econômico comete enorme injustiça com o mercado de ações, só porque a bolsa de valores é transparente, divulga tudo on-line, tem preços minuto a minuto, o que permite que os jornalistas tenham assunto todo dia. Isso não ocorre no setor de imóveis, de quadros nem no de livros raros.

"Imóveis e quadros raros despencam 30% em dia de muito nervosismo, bolsa de valores tem queda muito menor" é uma manchete que nunca é publicada. Quadros, livros e imóveis ilíquidos num dia de nervosismo valem zero para quem precisa desesperadamente de dinheiro. Mas isso ninguém divulga.

Como todo administrador financeiro saberá lhe explicar, o que varia de fato de um dia para outro é o preço que você paga para ter liquidez imediata. Em dias de "intenso nervosismo", é o preço por liquidez que aumenta, não é o preço da ação que cai. Você poderia ganhar fortunas comprando nessas horas, oferecendo liquidez a gringos apavorados, mas, se você é levado a acreditar que o mundo está despencando, provavelmente sairá vendendo também.

Em dias de "intenso nervosismo", o preço por liquidez poderá ir para 10% do valor da ação e 30% do valor do imóvel. Só que 99% das pessoas se recusam a pagar esse preço por liquidez – preferem esperar que as coisas se acalmem, no que fazem muito bem.

O que ninguém noticia nessas horas de "intenso nervosismo" é que todo dia metade das pessoas está comprando o que a outra metade está vendendo. A metade otimista compra da metade pessimista. Se incluirmos os 99% que continuam com suas ações, mostrando portanto certo otimismo com relação ao futuro, todo dia tem muito mais otimistas por aí do que pessimistas.

Na próxima vez em que você ouvir um comentário de que a bolsa é um mercado de risco, pense duas vezes. A volatilidade da bolsa é bem menor que a dos imóveis, quadros e livros raros, justamente porque tem sempre alguém comprando, mesmo durante uma crise.

Do ponto de vista financeiro, a volatilidade de algo invendável num dia de "intenso nervosismo" é 100%, mas eu concordo que essa posição é um tanto polêmica, e nem todos irão concordar. Meu ponto, porém, é outro: não é justo considerar alguns mercados "voláteis" somente porque permitem ao comprador vender tudo em questão de minutos, o que não ocorre com quadros, imóveis nem livros raros.

Ações de terceira linha também não têm liquidez imediata, e investidores dessas ações esperam dias melhores, como fazem os de imóveis e livros raros. Mas isso não significa que sejam menos voláteis, simplesmente significa que nesses outros mercados não há cotações nem negócios realizados para virar manchete de jornal.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

A História do Maior Investidor Pessoa Física da Bolsa Brasileira

A trajetória do investidor Lírio Parisotto
A história do ex-agricultor de Nova Bassano (RS) para o mercado de capitais traz muitos tropeços, mas também muito sucesso. Investiu em ações de grandes empresas e atualmente o fundo de investimento do de Lírio ultrapassa R$ 1,33 bilhões.
Por Cristiane Moraes


Nascer pobre nunca foi um limitador para Lírio Parisotto, nascido em Nova Bassano, interior do Rio Grande do Sul. Ele sempre quis ser rico e correu atrás do seu objetivo. Depois de abandonar sua vida como agricultor aos 13 anos de idade, foi seminarista, bancário, médico, comerciante, até chegar a industrial e dono da empresa Videolar.
 

Inicialmente pode parecer que vamos contar a história de sua carreira profissional e empresarial, mas na verdade vamos focar no “investidor” que Lírio sempre carregou ao longo de sua vida. A primeira experiência do ex-agricultor no mercado de capitais foi um tanto desastrada, mas nada o desanimou.
 

O empresário sabe muito bem o que é perder dinheiro e conta que cometeu dois grandes erros antes de começar a colher bons frutos nos investimentos em ações. Hoje o fundo de investimento de Lírio Parisotto na Geração Futuro Corretora ultrapassa R$ 1,33 bilhões.


Parisotto ingressou no mercado de capitais em 1971, quando ouvia muitas histórias sobre como dobrar o dinheiro investido em seis meses. Motivado por isso, abriu mão das economias reservadas para comprar um carro e investiu tudo em ações. Resultado: perdeu. “Acho que o que restou não dava para pagar um jantar, pelo menos não com o vinho mais diferenciado”, brinca.
Mesmo assim, não desistiu em1986 teve o seu maior prejuízo. “Entrei no pico do mercado e investi US$ 500 mil, que fazia parte do giro financeiro da empresa”, conta. Logo depois o mercado desabou e novamente o empresário amargou um prejuízo, agora dos grandes, uma perda de US$ 300 mil.



Depois do vendaval, a bonança!

Se por um lado, a carreira de investidor de Lírio parecia fracassada, a de empresário ia de vento em polpa. Ele lia muito sobre a economia brasileira e percebia que mesmo com a queda do mercado muitas empresas continuavam crescendo, gerando lucros e dividendos. Passou a estudar a fundo as empresas e resolveu que iria se basear em fundamentos para investir.

No início da década de 90 descobriu o livro “Faça Fortuna com Ações, Antes que seja Tarde” , Décio Bazin, que era articulista do Jornal Gazeta Mercantil, e sentiu que poderia ser sua grande chance de acertar no mercado de ações.

“Um pouco de sorte e também de preparo fez com que eu entrasse novamente na Bolsa logo depois que o mercado entrou em grande queda”, relembra. Dessa vez, Lírio aplicou US$ 2 milhões e estabeleceu um stop de ganho: quando o valor dobrasse sairia do mercado. E foi o que aconteceu um ano depois.

“Lavei a alma do prejuízo do passado e com o lucro consegui comprar a outra parte da sociedade da Videolar e fiquei com 100% da empresa. “Aprendi como perder e como ganhar”, destaca. Depois disso, o investidor ficou um tempo fora do mercado.

Critérios e Informação


Somente em 1998 voltou para o mercado de capitais, fez um investimento inicial de US$ 6 milhões e formou a carteira que tem há 11 anos. Ele reinveste todos os dividendos, só compra e investe em torno de 12 empresas. Segundo ele, só insere uma nova empresa carteira para substituir outra. “Compro ação para casar, não para ficar. Isso não quer dizer que não possa dar divórcio”, brinca o investidor que afirma que o seu critério para compra de papéis é preço (P/L).

Quando questionado sobre a queda da Bolsa nesse início do ano, diz que não se abalou e que no pior dia de queda aproveitou para comprar. “Meu benchmark é o Índice Bovespa, e em 2007 ele cresceu 43%, enquanto que o meu fundo 80%”, acentua.

Parisotto diz que são tempos diferentes, e que acreditava que o perfil dos investidores tinha melhorado, mas a maioria é gananciosa, e isso só faz perder. “Eu mesmo jamais investi em IPO. Acho que é preciso ter critérios e saber quanto realmente vale uma empresa”, aponta.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Principles of Trading

1. Trade with the trend. 
2. Ride winners and cut losers.
3. Manage risk. 
4. Keep mind and spirit clear.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Alocação e Classes de Ativos

Dando seguimento à última postagem, vou falar hoje sobre a importância de termos uma carteira de investimentos diversificada. A diversificação é um dos componentes necessários para termos uma carteira de investimentos de baixa volatilidade.

Na minha opinião, qualquer concentração demasiada em uma determinada classe de ativos é prejudicial. A diversificação da carteira de investimentos gera proteção e otimiza a relação retorno versus risco. A concentração em uma determinada classe de ativos é uma atitude muito comum entre os investidores, e percebo haver dois perfis característicos de pessoas. 

O primeiro perfil percebido são aqueles que direcionam seus recursos para o investimento que esteja gerando os melhores lucros momentâneos, pois são atraídos pela idéia de enriquecimento rápido. Isso pode causar miopia quanto aos riscos de cada investimento e o risco total da carteira.

O segundo perfil são do investidores avessos ao risco e que direcionam a totalidade de seu patrimônio para a renda fixa e imóveis. A função desses ativos é a proteção e oferecem uma remuneração do capital baixa quando descontamos os custos de transação, Impostos e, principalmente, a Inflação. Esse tipo de investidor deixa de participar dos retornos da renda variável por medo e pela falta de assessoramento de gestão de risco.

Quando optamos por compor um Portfólio de investimento devemos levar em conta em primeiro lugar nosso perfil de investidor. Quem se julga um investidor agressivo deve saber conviver com perdas momentâneas acentuadas do seu capital para almejar lucros maiores no longo prazo. Quem não tem a resiliência necessária para superar os momentos de perdas, investidores com perfil moderado ou até mesmo conservadores, deve optar por uma diversificação com menor alocação em renda variável. É importante destacar que quanto menor o risco (volatilidade) da carteira, menor será também o retorno no longo prazo.

O perfil de investidor determinará o quanto alocaremos em cada classe de ativos. Entre as classes de ativos, podemos citar:

  • Renda Fixa
Os ativos de renda fixa (CDB, Títulos Públicos, Debêntures, Fundos de Renda Fixa de Crédito Privado, LCI, LCA e CRI). São caracterizados pelo baixo risco, baixo retorno e alta liquidez.
  • Imóveis
Imóveis são um investimento que não podem ser enquadrados nem como renda fixa nem como renda variável. São ativos considerados seguros, pois dificilmente se perderá a totalidade do capital investido. Porém a riscos que não são contabilizados no caso de imóveis para locação como a inadimplência do locatário e longos períodos com o imóvel desocupado. O retorno é muito interessante, porém é um investimento de baixa liquidez.
Para quem tem interesse em investir em imóveis, mas não acompanha o mercado imobiliário, uma modalidade de investimento interessante são os fundos imobiliários. São fundos que possuem participação em grandes empreendimentos e pagam dividendos (aluguel) mensalmente. O aluguel é líquido de IR (benefício fiscal) e as cotas do fundo são negociadas na Bovespa.
  • Fundos Multimercados
A principal diferença de um fundo multimercado e o fato dele não ser comprometido com nenhuma classe de ativo. Isso faz com que eles busquem retorno positivo independente do ciclo econômico. Possuem como benchmark normalmente o CDI. Apesar de serem comparados com o CDI, alguns fundos podem representar um risco maior, visto que podem alavancar seu patrimônio. A questão da liquidez depende da estratégia adotada pelo fundo.
  • Ações e Fundos de Ações
Na renda variável o mercado de ações é o investimento mais popular. Muitos vinculam esse investimento a risco elevado devido à volatilidade. De fato, para investimentos de curto prazo, ações não é o investimento recomendado. Entretanto, quando observamos um período de tempo maior, o investimento em ações se prova o de maior retorno. No aspecto liquidez, o mercado de ações permite sair de uma posição diariamente, principalmente quando se trata de grandes empresas.
  • Futuros de Índices, Câmbio e Commodities
O investimento em contratos futuros é simples e acessível, porém pouco divulgado. São ativos de alta volatilidade e, conseqüentemente, risco. Porém, utilizando-se de estratégias e gestão de risco, este mercado oferece ótimas oportunidades, pois, historicamente, se move em ciclos de tendência de alta e baixa. O grande benefício de se investir nessa classe de ativos é que ela não possui correlação com as outras classes e a facilidade de se operar vendido (investir na queda).

terça-feira, 14 de setembro de 2010

A lição mais importante que tive.

Quando iniciamos a investir somos tomados por vários sentimentos como medo, ganância, insegurança, ansiedade. Esse turbilhão de emoções nos torna vulneráveis e suscetíveis a perdas. O aspecto psicológico dos investimentos, que muitas vezes é negligenciado, possui forte influência no nível de sucesso dos investidores, e por vezes define ganhadores de perdedores. 

Falei sobre psicologia para introduzir uma breve história sobre meu aprendizado no mercado de capitais e que nunca li em um livro de finanças. Aprendi com um ex-chefe que existem somente quatro eventos possíveis quando entramos em um negócio:
  1. Ganharmos muito dinheiro.
  2. Ganharmos pouco dinheiro.
  3. Perdermos pouco dinheiro.
  4. Perdermos muito dinheiro.
Para termos sucesso no longo prazo em nossa conta investimentos só precisamos evitar a quarta possibilidade. Podemos ter uma série de negócios lucrativos ao longo dos anos e apenas um negócio perdedor pode nos levar a falência se não evitarmos a quarta possibilidade.

Pode parecer uma visão simplista mas não é. Muitos investidores poderiam ter evitado perdas significativas no ano de 2008 se seguissem essa regra. Eles evitariam posições com relação risco x retorno baixo e seguiriam estratégias com pontos de saída. Infelizmente, tomados pela ganância, os investidores estavam demasiadamente expostos a risco e obtiveram pesadas perdas.

Comprar é fácil, difícil é saber quando sair com lucro e, principalmente, quando sair com prejuízo.

Nossos objetivos no mercado de capitais devem respeitar a seguinte hierarquia:

  • Objetivo nº 1: Preservar Capital - Sobrevivência no Longo Prazo.
  • Objetivo nº 2: Crescimento constante do Capital.
    • O que não significa que não teremos prejuízos momentâneos.
  • Objetivo nº 3: Gerar altos lucros.

A maioria dos investidores põe o 3º objetivo em primeiro lugar e ignoram os objetivos 1 e 2.

A pergunta que fica é: Como evitar perder muito dinheiro?

Aliar um bom plano de composição de Portfólio com ativos de baixa correlação e uma estratégia de investimentos que se enquadre com seu perfil. Nos próximos textos me dedicarei a explicar esses temas. 


Estou a disposição para dúvidas!

Até breve.
Leonardo Rehm